quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Educação Lúdica

Com esse título iniciei um passeio pelo mundo lúdico que deve permear a sala de aula da educação infantil.
Quando o professor percebe que através de brinquedos, música jogos e brincadeiras se processa na criança uma gama de habilidades que seria difícil ao educador atingir apenas com a oralidade, ele se rende ao fascinante universo lúdico sem reservas.
A capacidade da criança em nomear, organizar fatos, planejar atividades, definir papéis, turnos, cenários, participações, além de definir regras e ações coerentes com o que se pretende é imensa, e nesse momento a brincadeira constrói na criança uma série de valores como partilha, alteridade, solidariedade, companheirismo que irão fazer parte do adulto do futuro.
É também pelo lúdico que as habilidades que desenvolvem as inteligências múltiplas são enriquecidas, pois nessa construção feita pela criança a cada momento do brincar é “que ela articula os processos de aprender, de se desenvolver e de se conhecer reinventando e reinterpretando o mundo a sua volta” ( Vygotsky).
O papel do educador nesse contexto é importantíssimo, pois cabe a ele, mediar definir e oferecer no âmbito escolar oportunidades desse crescimento infantil pelo lúdico, para que a criança crie cultura reconstrua e dê novos significados a tudo que está a sua volta(Walter Benjamin).
Enfim, é preciso que as crianças brinquem. É preciso aprender com eles a rir, a inverter a ordem, a representar, a imitar, a imaginar, sonhar...
Portanto,"Brincar é a maior expressão do desenvolvimento humano na infância e, por si só, é a expressão livre do que está dentro da alma de uma criança" (Fredrich Froebel)

RESENHA
Brincadeira e o desenvolvimento infantil: um olhar sócio cultural construtivista.

Partindo da concepção comum aos estudiosos do comportamento infantil de que o ato de brincar constitui atividade imprescindível ao desenvolvimento da criança é possível analisar três focos dessa temática.
A brincadeira é percebida desde o nascimento e evolui sua complexidade de acordo com a idade. Ela proporciona interação com seu meio, faz relações com pares, oferece soluções e cria desafios. Há dificuldade em ser conceituada, porém segundo Fein, ela se auto define, no entanto para Piaget e Vigotsky essa definição não causa preocupação, mas sim a interação com o meio, com a cultura com seus pares.
O artigo de desenvolveu em torno de três questões sobre o brincar: seu conceito, sua importância e o uso da brincadeira na escola.
Conceitos:
São desenvolvidos para satisfazer desejos, segundo Benjamim, e também uma atividade inerente ao ser humano desde o nascimento.
É utilizada por prazer, para interações sociais para explorar o meio ambiente.
A criança se relaciona com o mundo por meio do brincar. As brincadeiras vão se diferenciando com o crescimento, pois em cada idade a criança terá centros de interesses diferenciados. Além disso, a filogênese e a ontogênese, descrita por Vygotsky, atuam e demarcam limites e possibilidades.
O contexto cultural exerce importante influência no brincar da criança. A cultura, par Valsiner, não é apenas o conjunto de características de um grupo. Mas deve ser entendida como a mediação entre o individual e o social gerando padrões de comportamento, categoria de pensamento e formas de se expressar.
A brincadeira permite experimentar a tomada de decisões, o desenvolvimento da autonomia, a responsabilidade, a criatividade.
Segundo Spodek e Sarracho, o conceito de brincadeira é variável. Dependendo do contexto em que a atividade está acontecendo ela será ou não uma brincadeira.
Para Piaget, o brincar é uma forma de manipular o mundo externo para que ele se encaixe nos esquemas de organização atuais de uma pessoa.

Vygotsky pontua que a brincadeira como um jogo de faz-de-conta é apropriada pelas crianças com significados específicos, pois esse sujeito reelabora e imprime novos sentidos compartilhados pela cultura, é um processo dialético com etapas diferentes e determinado por atividades mediadas.
As crianças satisfazem suas necessidades não realizáveis imediatamente por meio da brincadeira, mas nem todos os desejos não satisfeitos resultam em brincadeiras.
O meio cultural, segundo Valsiner, direciona a brincadeira da criança de acordo com modelos estereotipados de feminino, masculino ou indiferenciado. Com o objetivo de reprodução dos papéis existentes na sociedade.
Quanto a importância do ato de brincar podemos fazer referência ao conceito de “zona de desenvolvimento proximal - ZDP” descrita por Vygotsky, sabe-se que a ZDP é o espaço existente entre o que a criança faz sozinha e aquilo que ela faz com ajuda.
A aprendizagem se dá com a mediação nesse espaço, ou seja, por meio de uma interação com o outro ou pelo uso de um instrumento. Vygotsky coloca que a brincadeira cria uma ZDP ajudando a criança a passar de ações concretas com objetos para o pensamento abstrato.
Assim considerada, a brincadeira passa a assumir importante papel no desenvolvimento infantil.
A importância da brincadeira na educação infantil foi norteada nos Referenciais Curriculares da Educação Infantil/ 1998, que contempla o direito da criança brincar para desenvolver sua oralidade, imaginação, pensamento crítico, sua cultura.
Para a aquisição de novos conceitos, habilidades motoras, criatividade a ludicidade é aliada eficaz para essa pratica pedagógica.
O professor poderá participar na brincadeira desde que não a aniquile, essa intervenção poderá ser de forma propositiva e não destrutiva. Deve favorecer a continuidade da atividade com sensibilidade e de forma positiva.
Para finalizar, Valsiner (1988), coloca que, ao viver a brincadeira, a criança reformula suas vivencias em família e na escola, subverte a ordem das tradições impostas pela sociedade e externaliza sua subjetividade.
Após analisar a base teórica sobre a brincadeira e sua importância para a criança surge o questionamento quanto a situação do aluno de seis anos que acaba de ingressar no Ensino Fundamental. Não se deve incorrer no erro de transformar o primeiro ano da antiga primeira série passando aos alunos todo o conteúdo do currículo e deixando de lado as necessidades da criança (por exemplo: o brincar) em sua fase de desenvolvimento.
Assim, deve ser assegurado na escola o espaço para a discussão sobre o tema entre os docentes e também a revisão do projeto pedagógico.

Infancia perdida
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